quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Deglutição

     A deglutição é um fenômeno que depende de movimentos síncronos da boca, nasofaringe, orofaringe, hipofaringe, e também de músculos do pescoço. É um processo contínuo, dividido, para fins didáticos, em três fases.
     Na primeira fase o bolo alimentar é preparado e levado da boca a faringe. Na segunda fase o alimento é transportado da faringe ao esôfago. Na terceira fase é levado através do esôfago ao estômago. As fases oral e faríngica duram menos de um segundo, a esofágica varia de três a sete segundos, e processo completo dura de 5 a 8 segundos.
     A estrutura anatômica da deglutição varia consideravelmente com a idade. Quando o alimento é introduzido na boca, a língua é deprimida, e para o bebê conseguir extrair o leite do seio materno ou da mamadeira, ele necessita de pressão negativa, o palato mole fecha a nasofaringe e a glote se fecha. No recém-nascido o hióide se encontra anteriorizado e pouco acima da glote, fato esse que permite que o bebê coma e respire ao mesmo tempo. Essa habilidade desaparece por volta dos seis meses de idade, em virtude da descida da laringe com a idade. Nesse caso, ao chegar o alimento à boca, o fechamento da nasofaringe e da glote se desfaz permitindo a respiração.
     Após a mastigação se inicia a fase reflexa e automática da deglutição. Os lábios e a área jugal se contraem, a ponta da língua se põe em contato com os alvéolos dentários (como ao pronunciar-se um t), e com movimentos sucessivos, de diante para trás, o dorso da língua se eleva de encontro ao palato e força o alimento preso, a uma concavidade do dorso, a atingir a faringe. Os impulsos sensoriais dos receptores tácteis da orofaringe, através do glossofaríngeo, atingem o centro da deglutição no sistema nervoso central, do qual partem impulsosmotores, através dos nervos V, VII, X e XII. O dorso da língua oblitera a passagem para a cavidade bucal, de forma que o alimento não pode escapar, a contração do palatoglosso, do palatofaríngeo e do estiloglosso reduz as dimensões da passagem para a cavidade bucal. Essa ação ocorre no nível do pilar anterior da amígdala, onde não existe reflexo de náusea (logo atrás do pilar anterior existem terminações sensitivas do nervo glossofaríngeo que produzem esse reflexo.
     Novamente o palato mole se estende até a parede posterior, obliterando a passagem para a nasofaringe. A parte superior da orofaringe se eleva e o músculo cricofaríngeo se relaxa, abrindo o esfincter esofágico.
     O músculo palatofaríngeo se contrai a medida que o palato se eleva, criando uma prega ao longo da parede posterior da faringe, denominada prega de Passavant. O palato mole se apóia sobre essa prega, para melhor bloquear a nasofaringe. Há dois mecanismos propostos para a deformação da prega de Passavant:
1- A elevação da faringe, pelo músculo palatofaríngeo, mas com a ajuda do músculo salpingofarígeo.
2- Contração ativa de fibras específicas, horizontais e altas (esfíncter palatofaríngico) do músculo constritor superior da faringe.
     É possível que ambos os mecanismos atuem simultaneamente. As tubas auditivas se abrem pela contração do músculo elevador do véu palatino, equalizando a pressão entre a nasofaringe e as orelhas médias. A contração da metade posterior da língua, por contração contínua do estiloglosso e do palatoglosso, força o bolo alimentar através da faringe até o esôfago.
     No instante em que a ação peristáltica impele o bolo alimentar para o esôfago, as vias aéreas necessitam de proteção. Nessa fase a laringe, o soalho da boca e o hióide se elevam pela contração do músculo milo-hioídeo, e o gênio-hioídeo leva a faringe para a frente.
     Esses movimentos fecham as vias aéreas em três níveis diferentes: pregas vocais, pregas ventriculares e epiglote, que se dobra sobre as pregas ventriculares. A fase faríngica da deglutição resulta da contração dos constritores superior, médio e inferior.

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